Introdução
O apóstolo Pedro demonstra preocupação com o testemunho revelado pela aparência exterior das mulheres cristãs ao escrever: “ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor. Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus” (1Pe 3:2-4).
A expressão, “honesto comportamento cheio de temor” não deixa dúvida quanto à preocupação com o testemunho revelado pelo vestuário. Essa mesma preocupação também é revelada por Paulo: “Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso, porém com boas obras (como é próprio às mulheres que professam ser piedosas)” (1Tm 2:9-10).
Paulo ainda acrescenta o traje decente e modesto, cheio de boas obras e sem os atavios de cabelo, ouro, pérolas e vestimentas caras. Os que receberam evangelho de Cristo tiveram as suas prioridades modificadas. Não se deixam conduzir pelos apelos do mundo secular, mas vivem de acordo com os preceitos da Palavra e guiados pelo Espírito.
Esse é também o apelo de João: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente” (1Jo 2:15-17).
Aquilo do que revestimos o nosso corpo tem importância no reino espiritual. Paulo deixa claro essa premissa ao escrever: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:1-2).
Tanto João quanto Paulo advertem sobre os apelos da carne ou do mundo, ou ainda, deste “século”, ou seja, desta ordem de coisas sob a qual vivemos. O narcisismo nasceu com Lúcifer (Ez 28:13, 17), um ser perfeito que deixou de contemplar a beleza da santidade divina para apreciar a sua própria beleza.
A Reforma na Família de Jacó
Quando Jacó retornava da terra de suas peregrinações, onde sua família esteve em contato com algumas formas de paganismo, Deus exigiu dele uma reforma: “Disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel e habita ali; faze ali um altar ao Deus que te apareceu quando fugias da presença de Esaú, teu irmão. Então, disse Jacó à sua família e a todos os que com ele estavam: Lançai fora os deuses estranhos que há no vosso meio, purificai-vos e mudai as vossas vestes; levantemo-nos e subamos a Betel. Farei ali um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha angústia e me acompanhou no caminho por onde andei. Então, deram a Jacó todos os deuses estrangeiros que tinham em mãos e as argolas que lhes pendiam das orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está junto a Siquém” (Gn 35:1-4).
O Comentário Bíblico Adventista faz a seguinte abordagem sobre a mudança das vestes: “A lavagem exterior do corpo e a troca de suas vestes por outras simbolizava a purificação moral e espiritual da mente e do coração (ver Isaías 64:6; 61:10). O serviço de Deus não deve ser realizado sem a devida preparação” [“Put away the strange gods” [Gn 35:2], Seventh-day Adventist Bible Commentary, ed. Francis D. Nichol (Washington, DC: Review and Herald Publishing Association, 1953), 1:14.].
A Reforma no Deserto
Durante a peregrinação no deserto e depois da idolatria do bezerro de ouro, Deus ficou desapontado com o povo. Ele solicitou que fizessem algo parecido com o que ocorreu com a família de Jacó: “Disse o SENHOR a Moisés: Vai, sobe daqui, tu e o povo que tiraste da terra do Egito, para a terra a respeito da qual jurei a Abraão, a Isaque e a Jacó, dizendo: à tua descendência a darei. Enviarei o Anjo adiante de ti; lançarei fora os cananeus, os amorreus, os heteus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. Sobe para uma terra que mana leite e mel; eu não subirei no meio de ti, porque és povo de dura cerviz, para que te não consuma eu no caminho. Ouvindo o povo estas más notícias, pôs-se a prantear, e nenhum deles vestiu seus atavios. Porquanto o SENHOR tinha dito a Moisés: Dize aos filhos de Israel: És povo de dura cerviz; se por um momento eu subir no meio de ti, te consumirei; tira, pois, de ti os atavios, para que eu saiba o que te hei de fazer. Então, os filhos de Israel tiraram de si os seus atavios desde o monte Horebe em diante” (Êx 33:1-6).
O Senhor esperava de Seu povo uma consagração total, por isso, eles deveriam deixar a futilidade das ocupações com peças de vestuário e adorno pessoal, a fim de buscá-Lo de coração.
Há diversos textos que parecem indicar o uso de jóias pelo povo hebreu, especialmente no Antigo Testamento (Gn 24:53; Êx 3:22; Pr 25:12; Is 3:21; 61:10; etc.). Mas, isso não significa que o seu uso fosse aprovado por Deus, o que se pode depreender dos dois exemplos acima. Ao solicitar reavivamento e reforma, Ele exigia que se desfizessem desses aparatos. Da mesma maneira, Ele também não instituiu a poligamia, embora essa fosse uma prática comum entre o povo eleito.
O Vestuário e a Missão Adventista
O Novo Testamento corrige essas práticas solicitando que o crente viva no Espírito e não na carne (Rm 8:4). Ellen White comenta: “No professo mundo cristão o que é gasto em extravagante ostentação, em jóias e ornamentos, daria para suprir as necessidades de todos os famintos e vestir todos os nus em nossas cidades; e ainda assim esses professos seguidores do manso e humilde Jesus não precisariam privar-se do necessário alimento nem do vestuário confortável... Vosso dinheiro significa salvação de alguém. Não seja ele pois gasto em jóias, ouro ou pedras preciosas... A abnegação no vestir faz parte de nosso dever cristão. Trajar-se com simplicidade, e abster-se de ostentação de jóias e ornamentos de toda espécie, está em harmonia com nossa fé” [Ellen G. White, Beneficência Social (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, s.d.), 216, 267, 1CD-Rom; Idem, Evangelismo, 269.]
Esses princípios também devem ser aplicados à pintura. A fé adventista requer simplicidade, sem renunciar a elegância e o bom gosto. Se estamos de fato nos preparando para o Céu, devemos despender nossas energias em viver e pregar o evangelho.
Alguns argumentam que precisamos nos aproximar das pessoas com algo em comum, a fim de alcançá-las para a verdade. Nessa tentativa, quase se convertem aos modos do mundo. Mas, são as pessoas do mundo que precisam ser transformadas pelo evangelho, pois “é poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1:16).
Conclusão
O grande problema da Igreja hoje é a ausência de consagração. Precisamos de um reavivamento e uma reforma contundente no arraial adventista. Não devemos solucionar esses problemas com censuras, disciplinas eclesiásticas e enfrentamentos. A igreja precisa ser conscientizada de sua necessidade imperiosa, encher-se do Espírito Santo. Uma boa sugestão seria empreender o voto de Jonathan Edwards feito no século 18:
“Hoje, solenemente, renovei o meu concerto pessoal com Deus!
Permaneci perante Ele e me entreguei inteiramente, tudo o que sou e tenho!
Assim, em coisa alguma sou meu, não mais me compete lançar mão sobre a minha vontade, entendimento e afeições.
Não me reservo nenhum direito sobre meu corpo, bem como quaisquer de seus órgãos ou sentidos, sejam eles os olhos, língua, mãos, pés, olfato, gosto, etc. Dei-me in totum e nada guardei para mim mesmo.
Aproximei-me do meu Deus ao despertar da alvorada e afirmei-Lhe que me entregara completamente a Deus, por amor de Jesus, que minha decisão possa ser aceita e Ele me considere todo Seu, usando-me como possessão Sua.
Na alegria ou na dor... na ventura ou no sofrimento... em qualquer encruzilhada da vida, em tudo seja cumprido em mim e por mim a Sua divina vontade [Jonathan Edwards, A Verdadeira Obra do Espírito (São Paulo, SP: Sociedade Religiosa Edição Vida Nova, 1995).]
Pr. Josimir Albino do Nascimento, Doutor em Teologia Pastoral
O apóstolo Pedro demonstra preocupação com o testemunho revelado pela aparência exterior das mulheres cristãs ao escrever: “ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor. Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus” (1Pe 3:2-4).
A expressão, “honesto comportamento cheio de temor” não deixa dúvida quanto à preocupação com o testemunho revelado pelo vestuário. Essa mesma preocupação também é revelada por Paulo: “Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso, porém com boas obras (como é próprio às mulheres que professam ser piedosas)” (1Tm 2:9-10).
Paulo ainda acrescenta o traje decente e modesto, cheio de boas obras e sem os atavios de cabelo, ouro, pérolas e vestimentas caras. Os que receberam evangelho de Cristo tiveram as suas prioridades modificadas. Não se deixam conduzir pelos apelos do mundo secular, mas vivem de acordo com os preceitos da Palavra e guiados pelo Espírito.
Esse é também o apelo de João: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente” (1Jo 2:15-17).
Aquilo do que revestimos o nosso corpo tem importância no reino espiritual. Paulo deixa claro essa premissa ao escrever: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:1-2).
Tanto João quanto Paulo advertem sobre os apelos da carne ou do mundo, ou ainda, deste “século”, ou seja, desta ordem de coisas sob a qual vivemos. O narcisismo nasceu com Lúcifer (Ez 28:13, 17), um ser perfeito que deixou de contemplar a beleza da santidade divina para apreciar a sua própria beleza.
A Reforma na Família de Jacó
Quando Jacó retornava da terra de suas peregrinações, onde sua família esteve em contato com algumas formas de paganismo, Deus exigiu dele uma reforma: “Disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel e habita ali; faze ali um altar ao Deus que te apareceu quando fugias da presença de Esaú, teu irmão. Então, disse Jacó à sua família e a todos os que com ele estavam: Lançai fora os deuses estranhos que há no vosso meio, purificai-vos e mudai as vossas vestes; levantemo-nos e subamos a Betel. Farei ali um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha angústia e me acompanhou no caminho por onde andei. Então, deram a Jacó todos os deuses estrangeiros que tinham em mãos e as argolas que lhes pendiam das orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está junto a Siquém” (Gn 35:1-4).
O Comentário Bíblico Adventista faz a seguinte abordagem sobre a mudança das vestes: “A lavagem exterior do corpo e a troca de suas vestes por outras simbolizava a purificação moral e espiritual da mente e do coração (ver Isaías 64:6; 61:10). O serviço de Deus não deve ser realizado sem a devida preparação” [“Put away the strange gods” [Gn 35:2], Seventh-day Adventist Bible Commentary, ed. Francis D. Nichol (Washington, DC: Review and Herald Publishing Association, 1953), 1:14.].
A Reforma no Deserto
Durante a peregrinação no deserto e depois da idolatria do bezerro de ouro, Deus ficou desapontado com o povo. Ele solicitou que fizessem algo parecido com o que ocorreu com a família de Jacó: “Disse o SENHOR a Moisés: Vai, sobe daqui, tu e o povo que tiraste da terra do Egito, para a terra a respeito da qual jurei a Abraão, a Isaque e a Jacó, dizendo: à tua descendência a darei. Enviarei o Anjo adiante de ti; lançarei fora os cananeus, os amorreus, os heteus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. Sobe para uma terra que mana leite e mel; eu não subirei no meio de ti, porque és povo de dura cerviz, para que te não consuma eu no caminho. Ouvindo o povo estas más notícias, pôs-se a prantear, e nenhum deles vestiu seus atavios. Porquanto o SENHOR tinha dito a Moisés: Dize aos filhos de Israel: És povo de dura cerviz; se por um momento eu subir no meio de ti, te consumirei; tira, pois, de ti os atavios, para que eu saiba o que te hei de fazer. Então, os filhos de Israel tiraram de si os seus atavios desde o monte Horebe em diante” (Êx 33:1-6).
O Senhor esperava de Seu povo uma consagração total, por isso, eles deveriam deixar a futilidade das ocupações com peças de vestuário e adorno pessoal, a fim de buscá-Lo de coração.
Há diversos textos que parecem indicar o uso de jóias pelo povo hebreu, especialmente no Antigo Testamento (Gn 24:53; Êx 3:22; Pr 25:12; Is 3:21; 61:10; etc.). Mas, isso não significa que o seu uso fosse aprovado por Deus, o que se pode depreender dos dois exemplos acima. Ao solicitar reavivamento e reforma, Ele exigia que se desfizessem desses aparatos. Da mesma maneira, Ele também não instituiu a poligamia, embora essa fosse uma prática comum entre o povo eleito.
O Vestuário e a Missão Adventista
O Novo Testamento corrige essas práticas solicitando que o crente viva no Espírito e não na carne (Rm 8:4). Ellen White comenta: “No professo mundo cristão o que é gasto em extravagante ostentação, em jóias e ornamentos, daria para suprir as necessidades de todos os famintos e vestir todos os nus em nossas cidades; e ainda assim esses professos seguidores do manso e humilde Jesus não precisariam privar-se do necessário alimento nem do vestuário confortável... Vosso dinheiro significa salvação de alguém. Não seja ele pois gasto em jóias, ouro ou pedras preciosas... A abnegação no vestir faz parte de nosso dever cristão. Trajar-se com simplicidade, e abster-se de ostentação de jóias e ornamentos de toda espécie, está em harmonia com nossa fé” [Ellen G. White, Beneficência Social (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, s.d.), 216, 267, 1CD-Rom; Idem, Evangelismo, 269.]
Esses princípios também devem ser aplicados à pintura. A fé adventista requer simplicidade, sem renunciar a elegância e o bom gosto. Se estamos de fato nos preparando para o Céu, devemos despender nossas energias em viver e pregar o evangelho.
Alguns argumentam que precisamos nos aproximar das pessoas com algo em comum, a fim de alcançá-las para a verdade. Nessa tentativa, quase se convertem aos modos do mundo. Mas, são as pessoas do mundo que precisam ser transformadas pelo evangelho, pois “é poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1:16).
Conclusão
O grande problema da Igreja hoje é a ausência de consagração. Precisamos de um reavivamento e uma reforma contundente no arraial adventista. Não devemos solucionar esses problemas com censuras, disciplinas eclesiásticas e enfrentamentos. A igreja precisa ser conscientizada de sua necessidade imperiosa, encher-se do Espírito Santo. Uma boa sugestão seria empreender o voto de Jonathan Edwards feito no século 18:
“Hoje, solenemente, renovei o meu concerto pessoal com Deus!
Permaneci perante Ele e me entreguei inteiramente, tudo o que sou e tenho!
Assim, em coisa alguma sou meu, não mais me compete lançar mão sobre a minha vontade, entendimento e afeições.
Não me reservo nenhum direito sobre meu corpo, bem como quaisquer de seus órgãos ou sentidos, sejam eles os olhos, língua, mãos, pés, olfato, gosto, etc. Dei-me in totum e nada guardei para mim mesmo.
Aproximei-me do meu Deus ao despertar da alvorada e afirmei-Lhe que me entregara completamente a Deus, por amor de Jesus, que minha decisão possa ser aceita e Ele me considere todo Seu, usando-me como possessão Sua.
Na alegria ou na dor... na ventura ou no sofrimento... em qualquer encruzilhada da vida, em tudo seja cumprido em mim e por mim a Sua divina vontade [Jonathan Edwards, A Verdadeira Obra do Espírito (São Paulo, SP: Sociedade Religiosa Edição Vida Nova, 1995).]
Pr. Josimir Albino do Nascimento, Doutor em Teologia Pastoral
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSó um palpite para contribuir na correção. Pode apagar esse comentário depois: é vistuário mesmo ou vestuário?
ResponderExcluirDesculpe. Só observei o seu comentário agora. "vistuário" é erro de digitação. Esse artigo é bem antigo. Na verdade, não tenho atualizado o blog, mas vou fazê-lo assim que terminar o programa de doutorado em Teologia Sistemática. Muito agradecido! Pr. Josimir.
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