Introdução
Ao estudarmos as profecias que se referem aos acontecimentos mais próximos da segunda vinda de Cristo nos deparamos com fenômenos que se desdobram em duas vertentes. Aquela que se refere ao ambiente político e a outra que ocorre no mundo natural. Conclusão baseada no sermão profético de Jesus: “Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não vos assusteis; pois é necessário que primeiro aconteçam estas coisas, mas o fim não será logo. Então, lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação, e reino, contra reino; haverá grandes terremotos, epidemias e fome em vários lugares, coisas espantosas e também grandes sinais do céu” (Lucas 21:9-11).
Profecias do Mundo Político
A primeira vertente de acontecimentos proféticos ocorre no mundo político. Jesus faz referência não apenas a guerras, mas também a revoluções (Lucas 21:9). Uma revolução não é um conflito armado entre dois Estados diferentes, mas uma revolta, conflagração ou sublevação dentro de um Estado. A transformação radical de uma estrutura política, econômica e social.[1]
Algumas dessas revoluções exercem um papel fundamental no desfecho do grande conflito. Estados totalitários que impedem a pregação do evangelho tendem a cair, pois segundo as porções apocalípticas das Escrituras, apenas duas correntes estarão presentes no encerramento da grande controvérsia entre o bem e o mal: o povo remanescente e as forças confederadas do mal representadas pelo dragão, a besta e o falso profeta (Apocalipse 16:13-14) . A batalha final é travada entre os “eleitos” e a “besta” (Apocalipse 17:12-14) e os ímpios estarão arregimentados em um grande exército opositor (Apocalipse 13:4, 12).
Depois da segunda grande guerra mundial o mundo político foi dividido em dois blocos: o democrático e o comunista. Do lado democrático a liberdade religiosa e de culto não interferia na escolha individual quanto a questões espirituais. Assim cada indivíduo era e é livre para aceitar ou rejeitar o oferecimento da graça.
Em contrapartida, o Estado comunista assumiu um ateísmo exacerbado e, não apenas impediu a pregação do evangelho em seu território, mas perseguiu vigorosamente aos crentes. Houve um tempo em que a sua aparente solidez era tão pujante que parecia inabalável. Mas, como o comunismo ou qualquer outro Estado totalitário não aparecem no desfecho final, a não ser as três forças religiosas confederadas, ele teria que cair.
O Fim do Comunismo
Quase no final da segunda guerra mundial em 1944, a Polônia foi libertada do domínio Nazista. E naquele momento sentiu-se grata pela atitude heróica dos soviéticos. Contudo, estes instituíram um governo comunista na Polônia e a fechou numa “Cortina de Ferro”, proclamando oficialmente a República Popular da Polônia em 1952.
Nos países da “Cortina de Ferro” as vozes dissidentes eram compostas de elites intelectuais, grupos políticos interessados em pequenas reformas e religiosos insatisfeitos, porém inofensivos. Mas a Polônia era substancialmente diferente, pois a população como um todo era contrária ao comunismo. Além disso, o povo polaco se atinha às suas convicções católicas. Portanto, rejeitava o ateísmo da ideologia comunista.
Na década de 1980 a Polônia foi varrida por uma onda de greves, cujo ápice foi o protesto pela demissão de Anna Walentynowicz, uma manobrista de guindaste, depois de vinte anos de serviços. Ela era militante de um movimento operário anticomunista. Essa última greve foi organizada pelo eletricista desempregado, Lech Walesa.
Em seguida houve um crescimento considerável do movimento operário levando os trabalhadores a reivindicarem os seus direitos. Para evitar a disseminação de protestos, o governo fez um acordo que previa a aceitação de sindicatos independentes autônomos, inclusive, garantindo o direito de greve. Foi assim que nasceu o primeiro sindicato livre do leste europeu, o “Solidariedade”.
Depois de profundas tensões entre os sindicalistas e o governo, este foi se enfraquecendo, tendo como agravante, as pressões do Ocidente contra a Polônia. Um fator preponderante na derrubada do poder comunista naquele país foi a influência do pontífice polonês. Em 16 de outubro de 1978 Karol Wojtyla tornou-se o papa João Paulo II.
Num momento importante da crise, em 1983, João Paulo II visitou a Polônia e naquele mesmo ano, Lech Walesa ganhou o Prêmio Nobel da Paz por liderar campanhas não violentas em prol do direito de livre associação dos trabalhadores. Para encurtar a história, em 1990, quando aconteceram as primeiras eleições livres na Polônia, Lech Walesa foi eleito presidente da república.
Foi a primeira vez na história que um regime comunista teve que ceder e entregar o poder para a instalação da democracia. Houve uma reação em cadeia, o efeito dominó. A “Cortina de Ferro” começou a desmoronar: a posição de não intromissão de Mikhail Gorbachov, os protestos pacíficos na Hungria, na República Democrática da Alemanha e na Checoslováquia, as multidões nas ruas exigindo liberdade e eleições livres.[2] Com a queda da “Cortina de Ferro” a configuração do mundo mudou drasticamente e os países antes fechados, abriram as portas para a entrada do evangelho. Em relação a eles ecoa a voz profética:
O mundo todo é um vasto campo missionário, e nós, que temos conhecido há longo tempo a mensagem evangélica, deveríamos ser animados do pensamento de que lugares outrora de tão difícil acesso são agora facilmente penetrados. Países até agora fechados ao evangelho estão abrindo as portas, e suplicando que se lhes explique a Palavra de Deus.[3]
O desmoronamento da “Cortina de Ferro” foi seguido pela expansão da mensagem do Advento naqueles países e forneceu ao povo a prerrogativa da livre escolha entre as trevas do ateísmo ou a luz da verdade bíblica. Essa escolha foi notória pela avidez com que os soviéticos se voltaram para o Evangelho.
Previsto o Fim do Islamismo
A sexta-feira, 14 de janeiro de 2011 pode ter sido um marco histórico no mundo árabe. Jamais um ditador islâmico deixou o poder pela pressão de manifestações populares. Zine El Abidine Ben Ali foi deposto pela população da Tunísia depois de 23 anos de governo autoritário.[4]
Os protestos no Egito que derrubaram a Hosni Mubarak,[5] no poder há três décadas representam o primeiro indício de que o efeito dominó já começou também no mundo islâmico. O “Movimento 6 de Abril”, uma organização pró-democracia incentivou as manifestações e a continuidade dos protestos, claramente inspirados na revolta ocorrida na Tunísia e que derrubou o presidente Ben Ali.
Ainda que exista o temor justificado de que uma nova ditadura islâmica ocupe o espaço deixado pelos velhos déspotas, o memento profético assinala a introdução de reformas que possibilitem a pregação da última mensagem de advertência ao povo muçulmano.
Mais uma vez o ocidente interfere de maneira discreta para que a vontade popular prevaleça e as reformas necessárias sejam engendradas naquele país.[6] Essas reformas têm toda a probabilidade de desembocar em uma democracia. Podemos estar presenciando outra reação em cadeia na qual a população de países como a Tunísia e o Egito se cansaram da opressão imposta pelo regime.
O Momento Profético
Não é coincidência que a crise na Tunísia e no Egito aconteça quando o mundo natural está clamando com voz profética anunciando o rápido desfecho do grande conflito. As ditaduras islâmicas vêm há séculos impedindo que o povo muçulmano entre em contato com Cristo. A crise da Tunísia pode ser o início de uma versão árabe do que aconteceu com a Polônia e o comunismo. Ou seja, o efeito dominó faria com que as ditaduras islâmicas caíssem uma após a outra e fossem instalados Estados democráticos. Uma vez estabelecidos, a liberdade religiosa e de culto abririam ao povo islâmico a plena oportunidade de conhecer a mensagem do advento!
Profecias do Mundo Natural
A outra vertente de acontecimentos proféticos ocorre no mundo natural. A despeito da dor sentida pelas vitimas de catástrofes, as tragédias que ocorrem hoje já foram anunciadas, pois fazem parte de um processo cujo ápice é o retorno de Jesus Cristo. Lembremos que essas advertências de Jesus foram feitas como resposta à pergunta dos discípulos: “Dize-nos quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” (Mateus 24:3 ARC).
O mundo pósmoderno oferece quase tudo que os sentidos almejam, e embora haja uma crescente religiosidade em países como o Brasil, também cresce a procura pela comodidade secular. As igrejas neopentecostais insistem em realçar a saúde e a prosperidade, enquanto o conceito bíblico de arrependimento, abandono do pecado, a mudança de vida e o preparo para o regresso de Cristo são relegados ao esquecimento.
Entre os sentimentos despertados pelas calamidades encontram-se e a solidariedade, a complacência, a ação em equipe e o senso de pertencer. Diante do sofrimento e da morte as pessoas são levadas a ponderar sobre as questões mais importantes da existência humana. Ellen G. White explica a razão pela qual esses desastres estão ocorrendo:
Quão freqüentemente ouvimos de terremotos e furacões, de destruição pelo fogo e inundações, com grandes perdas de vidas e propriedades! Aparentemente essas calamidades são caprichosos desencadeamentos de forças da natureza, desorganizadas e desgovernadas, inteiramente fora do controle do homem; mas em todas elas pode ler-se o propósito de Deus. Elas estão entre os instrumentos pelos quais Ele busca despertar a homens e mulheres para que sintam o perigo.[7]
O “perigo” a que se refere é o da perda da vida eterna. Nos dias atuais as pessoas não têm tempo para pensar na eternidade, mesmo aquelas que acreditam na sua existência. É preciso algo muito forte para fazer com que parem, reflitam e tomem decisões. Aqueles que sentiram os efeitos da catástrofe na região serrana do dia doze de janeiro deste ano nunca mais serão os mesmos.
Comentaristas, repórteres e jornalistas estão percebendo que a ordem de coisas não está seguindo um curso natural. E expressões que antes eram evitadas: “fim dos tempos”, “últimos dias”, “castigo” e “juízo” se tornaram comuns em manchetes e matérias de profissionais da comunicação, alguns dos quais são declaradamente ateus.
Miriam Leitão, expressando a opinião de especialistas, declarou que tudo está mais intenso nos últimos dias, [8] ecoando sem saber, as palavras de Ellen G. White: “Grandes mudanças estão prestes a operar-se no mundo, e os acontecimentos finais serão rápidos.”[9]
A senhora White também advertiu quanto aos fenômenos naturais catastróficos ocorrendo em lugares onde a sua presença não é comum: “Chegou agora o tempo em que num momento podemos estar em terra sólida, e no outro momento pode ela estar fugindo de debaixo de nossos pés. Haverá terremotos onde menos se espera.”[10]
Essas catástrofes naturais têm sido frequentes. Nas Suas palavras proféticas, Jesus salientou o aumento de catástrofes, desastres e cataclismos que antecederiam a Sua segunda vinda. Apenas entre o final de 2010 e o início de 2011 foram registrados desastres provocados pela neve excessiva na Europa, nos Estados Unidos e no Japão, inundações na Austrália e em diversos pontos do Brasil, como são Paulo e Santa Catarina, além de incêndios em vários lugares.
Porém, a solidariedade demonstrada nessas ocasiões é o primeiro indício de que alguns indivíduos estão saindo de seu mundo egocêntrico para estender a mão ao próximo, o que em si mesmo, não deixa de ser um passo em direção ao evangelho. Nesse momento, cabe aos arautos da verdade alcançar esses seres humanos suscetíveis à proposta do advento e à mensagem de esperança não apenas de um mundo melhor, mas de vida eterna.
Conclusão
Jesus descreveu dois significativos sinais prenunciadores de Sua segunda vinda. Os textos dos Evangelhos Sinóticos indicam certa simultaneidade entre os sinais do mundo político e os do mundo natural. No cenário político já foi presenciada a queda da “Cortina de Ferro” que serve como paradigma para a extinção de governos totalitários, incluindo os do islamismo.
Os últimos acontecimentos indicam que dentro em breve o evangelho de Jesus Cristo triunfará também nos países muçulmanos. Essa expectativa é reforçada pela intensidade e rapidez com que as profecias de Jesus vêm se cumprindo no mundo natural e político.
A solenidade do momento atual é uma convocação ao povo de Deus para que intensifique a sua voz profética e anuncie ao mundo o breve retorno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo em glória e majestade. É necessário que orientemos o olhar do mundo para além da opressão, catástrofes e misérias recorrentes, apontando para as delícias da eternidade com Cristo, a Bendita Esperança da humanidade!
Pr. Josimir Albino do Nascimento
Doutor em Teologia Pastoral pela UNASP
Artigo escrito em 16 de janeiro de 2011
[1] Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, “Revolução”, Dicionário Aurélio eletrônico século xxi (s.l. Editora Nova Fronteira e Lexcon Informática, Ltda., 1999), 3.0. 1CD-Rom.
[2] Carlos Alberto da Fonte Videira, Importância do ‘Solidariedade’ na Queda dos Regimes Comunistas, Acesso em 20 de janeiro de 2011 pelo site: http://www.notapositiva.com/pt/trbestsup/polrelint/relacintern/solidariedade.htm
[3] Ellen G. White, Obreiros Evangélicos (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, s.d.), pág. 27, em 1CD-Rom.
[4] Ver: Gustavo Chacra, Da Polônia à Tunísia: o Fim da Barreira Psicológica para a democracia no mundo árabe, Estadão.com.br, Acesso em 19/01/2011 pelo site: http://blogs.estadao.com.br/gustavo-chacra/da-polonia-a-tunisia-por-que-a-democracia-nao-se-expandiu-para-o-mundo-arabe/ . Ver também: José Antonio Lima, Crise na Tunísia: um momento histórico para o Oriente Médio, Acesso em 20/01/2011 pelo site: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI202607-15227,00.html
[5] V&C Artigos e Notícias, “Cai o Faraó: Após 30 anos no poder, ditador Hosni Mubarak renuncia no Egito”, Acesso em 15/02/2011 pelo site: http://vcartigosenoticias.blogspot.com/2011/02/cai-o-farao-apos-30-anos-no-poder.html
[6] Ver: “Oposição sai às ruas no Egito apesar de proibição do governo”, Acesso em 27/01/2011 pelo site: http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/hoje-em-dia/noticias/oposic-o-sai-as-ruas-no-egito-apesar-de-proibic-o-do-governo-1.232160
[7] Ellen G. White, Eventos Finais (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, s.d.), pág. 28, em 1CD-Rom.
[8] Miriam Leitão, Bom Dia Brasil (Telejornal da Rede Globo) de 13/01/2011.
[9] Ellen G. White, Testemunhos Seletos (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, s.d.), vol. 3, pág. 280, em 1CD-Rom.
[10] Ellen G. White, Testemunhos para Ministros (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, s.d.), pág. 421, em 1CD-Rom.
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