terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Definição de Apocalipse

Introdução


A expressão “Apocalipse” é a transliteração do vocábulo grego, que em Português significa “revelação”. Da maneira como descreveremos abaixo:

Grego
Português
apó
Afastar-se de
calipse (de calípto)
Ocultar
Apocalipse
Revelação

Assim, Apocalipse seria afastar-se de ocultar, ou REVELAR. Se é uma revelação, então o Apocalipse é um livro aberto, porém, isso pressupõe uma pergunta: “aberto para quem, tendo em vista que sua linguagem é revestida de símbolos?”
Por isso, depreende-se do próprio título do livro haver duas categorias de pessoas a quem o apocalipse se refere implicitamente: Aqueles para quem ele será uma revelação, e os outros, para quem ele será encoberto. Uma vez que conheçamos a primeira categoria, será fácil inferir quem representa à segunda.

Uma Revelação

O próprio livro começa estabelecendo a categoria de pessoas que deverá ter acesso a suas informações de maneira a compreender a mensagem codificada: Apocalipse 1:3. Aqui encontramos alguns parâmetros:
a)      Felizes serão os que lêem,
b)      Os que ouvem,
c)      Os que guardam (observam).
Outros livros da Bíblia nos ajudarão a compreender estes parâmetros: Oséias 14:9; Isaías 29:10-14.  Estes textos deixam claro que aqueles que vão compreender o Apocalipse são as pessoas que entretêm um profundo relacionamento de amizade e fidelidade para com Deus, pois  “A intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança” (Salmo 25:14).

A Razão do Uso dos Símbolos
                                    
1. Proteção: No tempo em o Apocalipse foi escrito o Império Romano dominava o mundo. O livro faz muitas censuras, não apenas a esta, mas a muitas outras instituições, que, se pudessem compreender a mensagem nele contida, destruiriam o livro e ele não teria chegado até nós.
2. Ilustrações baseadas nas próprias figuras bíblicas, ou características da Bíblia, para serem compreendidas apenas pelo povo de Deus.


A fonte do Simbolismo Bíblico é o Velho Testamento, Sem o Estudo do qual Será Impossível Entender o Apocalipse

Símbolos                                      Velho Testamento                   Novo Testamento
Julgamento
Daniel 7
Apocalipse 20
4 seres viventes
Ezequiel 1, 10
Apocalipse 4
4 juizes
Ezequiel 14:21
Apocalipse 6 (4 cavalos)
Cavalos e carruagens
Zacarias 1, 6
Apocalipse 6
Selamento
Ezequiel 9
Apocalipse 7
Condenação de Babilônia e “Sai dela “
Jeremias
Apocalipse 17, 18 14:8.

O Apocalipse contém citações ou alusões de 28 dos 39 livros do Velho Testamento

Existem 505 dessas citações e cerca de 325 são dos livros proféticos dos profetas maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Dos profetas menores as referências mais comuns são de: Zacarias, Joel, Amós e Oséias. Do Pentateuco: Êxodo. Há também citações dos Salmos. O Apocalipse tem reflexos dos livros de Mateus, Lucas, I e II Coríntios, Efésios, Colossenses e I Tessalonicenses.

Símbolos Extraídos do Velho Testamento
Velho Testamento
Novo Testamento
A árvore da Vida (Gên. 3:22)
Apocalipse 2:7; 22:2
Maná escondido
Apocalipse 2:17
Vara de ferro
Apocalipse 2:17
A estrela da manhã
Apocalipse 2:28
A chave de Davi
Apocalipse 3:7
Os seres viventes
Apocalipse 4:7 ss
Os quatro cavaleiros
Apocalipse 6:1 ss
A besta
Apocalipse 13:1-10

 
Introdução ao Estudo do Livro

A expressão “bem aventurado” vem do grego makários, e se refere àquele que possui a felicidade celestial. Uma qualidade de vida que o Senhor oferece aos que aceitam o oferecimento da graça.

 
O Autor do Livro

Tendo em vista o uso e a abordagem de João sobre o logos, ele pode apropriadamente ser chamado de “teólogo”. É o autor do Evangelho que leva o seu nome e de mais três epístolas. Autoridades da igreja, tais como Papias, Justino Mártir, Irineu e Melito nos dão a certeza de que João, o Evangelista é também o Apocalipsista.
Por volta de 94 a.D., ele foi banido para a ilha de Patmos pelo imperador Domiciano, depois de ter sido ameaçado e poupado da morte por Deus. Sobreviveu ao caldeirão de oleio fervente. Ele foi o único dos discípulos a morrer de morte natural. “Mas o Senhor preservou a vida de Seu fiel servo, da mesma maneira como preservara a dos três hebreus na fornalha ardente” (Atos dos Apóstolos, 570).  Quando liberto, em torno de 98 a.D. pelo imperador Nerva, teria mais de cem anos de idade. Voltou para Éfeso para continuar os seus trabalhos de combate aos gnósticos.

Os Leitores

O apóstolo Paulo ansiava essa revelação de Deus aos efésios (Efésios 1:15-18). De fato o Apocalipse foi escrito como uma revelação especial para o povo eleito. Quando o Senhor escreveu na parede do palácio de Belsazar, o texto foi uma incógnita para os sábios que não puderam traduzi-lo ou interpretá-lo, mas Daniel, fiel servo de Deus, foi convidado a fazê-lo.

Há muitas semelhanças entre os livros de Daniel e Apocalipse. Podemos destacar as principais
Seus autores estavam em pleno exílio quando receberam a revelação de Deus
Discorreram sobre o envolvimento dos governos temporais e eclesiásticos com o povo de Deus durante os séculos futuros
Duas Babilônias, uma temporal e outra espiritual
Os dois retratam o juízo investigativo (ou pré-advento)
Guerras perpetradas contra o povo de Deus durante os séculos
Um personagem a proferir arrogantes blasfêmias contra Deus
A intervenção divina nos negócios humanos para estabelecer um governo eterno
Descrição das circunstancias reinantes no mundo, nos dias de Jesus e nos nossos dias
Ambos denunciam as ações conjugadas de homens e demônios contra a obra de Deus
Íntima relação entre os capítulos dois e sete de Daniel, e doze, treze e dezessete do Apocalipse




Símbolos
Explicação do Símbolo
Texto
Sete estrelas
Anjos das igrejas
Apocalipse 1:20
Sete candeeiros
As 7 igrejas da Ásia
Apocalipse 1:20
Sete tochas de fogo
Os 7 espíritos de Deus
Apocalipse 4:5
Salvas de incenso
Oração dos Santos
Apocalipse 5:8
Grande multidão
Os que vieram da grande tribulação
Apocalipse 7:13, 14
O grande dragão
O diabo
Apocalipse 12:9
Sete cabeças da besta
Sete montes
Apocalipse 17:9
Dez chifres da besta
Dez reis (reinos)
Apocalipse 17:12
As águas
Povos, nações
Apocalipse 17:15
A mulher
A grande cidade
Apocalipse 17:18

Conceitos do Velho Testamento
Textos do Velho Testamento
Conceitos Repetidos no Novo Testamento
Fogo e enxofre
Gênesis 19:24
Apocalipse 19:20; 20:10
Trovões, relâmpagos
Êxodo 19: 16
Apocalipse 8:5; 11:19; 16:18
Vinho da ira de Deus (beber do vinho da ira)
Isaías 51:17; Jeremias 51:7
Apocalipse 14:8, 10; 16:19; 17:2, 4; 18:3
Babilônia a Grande
Daniel 4:30
Apocalipse 14:8; 16:19;        
17:5; 18:2

Outro exemplo de alusão ao Velho Testamento:
Apocalipse 19:15 (figura composta de três idéias)
Espada aguda
Isaías 14:4
Vara de ferro
Salmos 2:9
Lagar
Joel 3:13.


As Escolas de Interpretação e o Princípio Dia-ano

Preterismo: Atribui o cumprimento das mensagens do Apocalipse quase que exclusivamente ao passado. Seu expositor foi um padre jesuíta chamado Luiz de Alcazar (morreu em 1613). Seu pensamento foi seguido por escritores protestantes dos últimos séculos (Moses Stuart, Beckwith, H. B. Swete). Portanto, remete as ações do poder antagônico à verdade ao passado.
Futurismo: Seu autor foi Francisco Ribeira, também jesuíta. Argumentava que o Anticristo ainda aparecerá como um governador infiel em Jerusalém e exercerá o seu domínio por 3 ½ anos literais no fim do tempo. Portanto, relega as ações do poder antagônico á verdade a um futuro distante. Tanto o preterismo quanto o futurismo deixam o crente numa área de conforto incompatível com a mensagem do apocalipse. As teorias de Alcazar e Ribeira foram habilidosamente introduzida no meio protestante como uma façanha da contra reforma, a fim de desviar a atenção dos intérpretes das profecias da interpretação histórica que denunciava o papado como o “homem do pecado”, ou “o homem que é contra a lei” (II Tes. 2:3-4).
Contínuo-Histórica ou Historicista: As profecias do Apocalipse cobrem o período histórico desde a fundação da Igreja até o clímax escatológico. Esta escola de interpretação abrigou os grandes personagens da era cristã, mas foi recentemente abandonada à medida que o cristianismo histórico foi se afastando das doutrinas basilares das Sagradas Escrituras.

Princípio Dia-ano de Interpretação

Expositores das escolas Futurista e Preterista interpretam os elementos de tempo das profecias de Daniel e Apocalipse como sendo períodos literais. Os historicistas, por outro lado, interpretam esses elementos como simbólicos, representando períodos mais longos A interpretação da Escola contínuo-histórica é mais viável, pois períodos literais não cobririam todo o tempo histórico em que se desenrola o grande conflito entre o bem e o mal. A maior parte da história sagrada ficaria descoberta pela predição profética de tempo. Além disso, como ocorre no livro de Daniel, as imagens pictóricas como a estátua vista no sonho de Nabucodonosor, os animais do capítulo 7 e também do capítulo 8, são todos símbolos. Portanto, o elemento de tempo também deve ser simbólico.


As Sete Bem-Aventuranças do Apocalipse
Bem-aventurado o que lê
Apocalipse 1:3
Bem-aventurado o que ouve
Apocalipse 1:3
Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor
Apocalipse 14:13

Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda os seus vestidos
Apocalipse 16:15
Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro
Apocalipse 22:7

Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras ou guardam os seus
mandamentos
Apocalipse 22:14
Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro
Apocalipse 19:9


 “As profecias de Daniel e Apocalipse devem ser cuidadosamente estudadas, em ligação com elas, as palavras: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, 148).

 
O Apocalipse e a Volta de Jesus


Filosofias Teológicas Sobre a Volta de Jesus
Doutrinas Errôneas
Refutação
A Vinda de Cristo não será literal, mas espiritual. Ele vem ao cristão na conversão ou na morte.
João 14:1-3; Filipenses 1:6; I Tess. 1:9, 10. Jesus subiu para o Céu na forma corpórea (Lucas 24:39). Da mesma maneira retornará (Atos 1:11)
Arrebatamento Secreto. Essa doutrina normalmente se baseia em Lucas 17:34-36.
Mateus 24:24-27; 40-42.

Expressões Gregas Empregadas para Descrever o Advento
Expressões
Textos
Significados
Erchomai
Lucas 19:13
Indica o ato da vinda, mas não necessariamente o da chegada
Heko
Apocalipse 2:25
Vai além, e indica não apenas a vinda, mas realça também a chegada
Parousia
Tiago 5:8.
Vai ainda mais além, pois envolve não apenas a vinda e a chegada, mas a presença pessoal da pessoa que chega
Analuo
Lucas 12:13
Indica a partida com a finalidade de retornar
Hupostrepho
Lucas 19:12
Dá a idéia do retorno de uma jornada
Apocalipto
II Tessalonicenses 1:7
Enfatiza o aparecimento, com a idéia de revelação
Prosopon
II Tessalonicenses 1:9
Indica a presença real de alguém que vem, e que todos estarão diante de sua face
Epiphaneia
I Tim. 6:14
Enfatiza a glória que acompanhará o Salvador quando Ele vier
Phaneroo
I Pedro 5:4
Envolve não apenas aparecimento, mas a idéia de que a pessoa a chegar será vista em seu verdadeiro caráter
Ephistemi
Lucas 21:34
Realça o pensamento, não apenas de estar perto, mas particularmente da vinda repentina do Senhor
           
 
Noções Bíblicas do Segundo Advento

Jesus prometeu que vai voltar: João 14:3, Hebreus 9:28. O segundo advento será visível, audível e pessoal (corpóreo): Apoc. 1:7, I Cor. 1:7; Heb. 9:28. Várias palavras são empregadas para a Sua vinda dando a conotação de presença visível e corpórea.
A expressão parousia chama a tenção para o aparecimento real e pessoal de Cristo (II Cor. 7:6; I Cor. 16:17; Filip. 1:26). Não há a mínima sugestão de um arrebatamento secreto ou fases separadas do advento (Mat. 16:27; II Tess. 1:7; Mat. 25:31; Lucas 9:26; Apoc. 5:11). Virá depois da grande e final tribulação de Seu povo (II Tess. 1:7, 8; II Tess. 2:1-3). As profecias concernentes ao Anticristo se cumprirão antes da segunda vinda (Apoc. 13).
O segundo advento marca o início do Milênio (Apoc. 20:4-6; I Cor. 15; I Tess. 4). A expressão “arrebatar” se refere à chegada inesperada como à de um ladrão e não à sua vinda secreta. A Segunda Vinda de Jesus é a bem aventurada esperança da Sua Igreja (Isaías 25:9; 26:4; II Pedro 3:11:14). Jesus foi morto entre o céu e a terra, e através de Sua morte atraiu a atenção de todos (João 12:32). Foi morto publicamente pelas mãos dos ímpios. Quando voltar em glória será visto pelos mesmos algozes que o crucificaram e por todos os moradores da Terra (Apoc. 1:7; 6:12-17).
Uma das verdades mais solenes, e não obstante mais gloriosas, reveladas na Escritura Sagrada, é a da segunda vinda de Cristo  (Ellen G. White, Grande Conflito, 299). A vinda de Cristo, para inaugurar o reino de justiça, tem inspirado as mais sublimes e exaltadas declarações dos escritores sagrados. (Pág.300).           




Pr. Josimir A. - Doutor em Teologia

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